A dor é muito covarde.
Ela me pega quando estou mais vulnerável.
Eu sinto muita dor mesmo não sendo um cara tão fácil de tal.
Claro, com todo homem sou derrubado facilmente por uma gripe, resfriado coisas tais.
Mas não sou tão fraco quanto as coisas que não podemos tocar ou explicar.
A dor sempre me pega nisso. Mas não é culpa dela. É a falta.
Num domingo de folga em casa as lembranças são como facadas nas no peito.
Sinto-me fraco, pendente e tão desmerecedor que me afogo na minha destruição particular.
Faço e planejo as coisas para se destruir.
Mesmo não sendo fumante, alcoólatra ou tendo qualquer dependência química, eu vou me destruindo mais veloz que qualquer um.
Perdi o chão, e não mereço mais o céu.
Perdi a fé. Perdi a minha base e o meu pilar.
Perdi minha alma sem ao menos vendê-la. Não ganhei nada com os acontecimentos.
E o que mais me preocupa é que para mim as coisas já acabaram. Tive uma ótima infância. Muita diversão, amigos que no fim descobriria que não eram verdadeiros, mas que foram úteis, por um tempo.
Eu não consigo mais ter esperança. Não consigo acreditar em religião. Em um salvador. Pois eu nunca, em meus anos de religião, nunca consegui sentir algo verdadeiro.
O mais próximo disso senti ao ouvir Coldplay, e daí em diante percebi que vinha mais de mim que de qualquer outro lugar.
Queria ser como um índio, ou uma criança. Mas me perdi com ciência e capacidade de ver as coisas.
Sou destrutível, mas não perigoso. É fácil não se importar comigo.
A dor é muito covarde, ou eu mesmo.